30 setembro 2010

Mata-Munhoz

De tudo não mais querer
Quero todas as vaginas
Que meu`instinto se rebele
Em`êxtase, náusea e latrinas
Ver meu gozo escorrer
Já mais nada s`imagina
De mais nada hei de sofrer
Qu`este pacto ora se sele
E`em tudo quanto se bebe
Mergulharei a triste sina
Romperei a pele fina
De`onde a dor ora s`expele
De mais nada hei de sofrer
Quero só boas vaginas
Se tampouco as posso ter
Terei sempre uma vacina
Pra qu`o corpo se rebele
Em`êxtase, náusea e latrinas

25 junho 2010

Cândido Melo

Aquele que lê, em Ouro Preto, num Café,
As negras vinhas flores de Baudelaire
Após gélida tarde de flanêur
Ciente que está 150 anos além
Consegue, por intuição juvenil,
Perceber num instante faebril,
A senil lucidez daquele imbecil...

09 maio 2010

Cândido Melo

Ao telefone a voz dela é toda a existência sua que concluo.
Dedico minha atenção a ouvir-la e a pensar em o que estará vestindo.
As ondas elétricas transmitem sua voz feminina, não tão aguda,
Que atravessam meu tímpano esquerdo e atingem a parte
Do meu cérebro dedicada a perceber.
Recebo suas informações e penso em sua boca próxima ao telefone.
Marcamos um encontro.
Ao telefone ela era o movimento que saía de suas cordas vocais e o que eu pensava disso.
Agora, ao vê-la, sentí-la; me agrada antecipar, em pensamento,
A forma, o cheiro, a textura do seu corpo-nu
E o gosto que emana seu sexo.

13 abril 2010

Mata-Munhoz

Já faz tempo que eu
não me sinto viver
Obviamente eu ainda
respiro e essas coisas...
Mas é que, assim,
Sem sentir muito –
demais e exageradamente
Acaba que viver vira outra coisa
Uma coisa um tanto
Manhosa e outro tanto qualquer coisa
Que não dói,
Mas como faz cócegas!

04 janeiro 2010

Marcos Sarieddine

O MAR

Meus pés à sua beira,
como se sua imensidão
já não fosse o bastante,
suas ondas
em modo constante
impõe em mim
a contemplação
de um velho monge tibetano.

Vejo no mar o infinito de Clarisse,
Sinto nele, a divindade de Iemanjá.
Tudo é simplesmente lindo.
É tudo e é simples.

Não me iludo.
Eu sei que não seria em muita dor,
que não seria nada menos
que uma verdadeira tragédia.
Sim, seria trágico,
mas eu também sei,
que seria uma das maiores honras,
morrer no mar.