29 junho 2007

Cabelos ao Vento

Balada da livre docência


Não, não, não
não me disseram que eu tinha esta roupa

não, não, não
hoje vou sair de tio sam

não, não, não
não me disseram pra fazer o que eu quisesse

não, não, não
eu reparto meu cabelo como e com quem eu quiser

não, não, não
eles estavam querendo me desfazer

não, não, não
tira mão

é meu, eu vi primeiro
eu?

eu não me entrego
eu gosto do meu ego

gosto de palhaço
e de mim eu me desfaço

quando quero
danço até bolero

com minha mãezinha

e mais louco é quem me diz, que não é feliz

27 junho 2007

Cabelos ao Vento

Iluminação

Era pra ser um dos grandes
ela estava me fisgando
quando eu

moribundo
preguiçoso
vagabundo
deitei

e curti a sensação plena
daquele poema

Felipe Leite

26 junho 2007

Pedro Braccini

TERCEIRA CATEGORIA

mais essa redondilha
círculo vicioso
uma quinquilharia
que não vem a calhar

um calhau afinal

Pedro Braccini

no rasgo pleno
a agulha no ânus

o tempo e s g a r ç a em anos

na esperança da próxima dor
a pele arregaçada
olhar cicatrizado
nunca mais ileso

represa de pus
não sei onde pus o medo

o som retido
perdido
pra
sempre
pra
dentro do grito

Felipe Leite

25 junho 2007

Vinikov

(sem título)

Numa cadeira de praia
punk
logo de manhã
com novíssimos
ray-ban
com uma blusa
de lã
vejo Hiroshima
mais vermelha que a China


23 junho 2007

Cabelos ao Vento

Espelho, espelho meu
o que existe além de mim
sou eu?

21 junho 2007

Ludicanti


pelo perpétuo vaga
um não sei quê de indagações previsíveis
antes de tudo e de mais nada
como antes e depois
ou quase o mesmo
mas não é
dessa maneira que alcançaremos
no intangível a obscura
saída da caverna desde onde a luz
projeta sombras retidas em nossos calcanhares

08 junho 2007

Felipe Leite


Vinikov

(sem título)

depois de momentos iluminatórios
gerados por lâmpadas amarelas de 30 wats
fiquei como um espantalho de braços
abertos para o terrível
ouvindo o galope antigo de um soluço
de pernas para o ar
e a motocicleta sem freios que sempre
desce uma ladeira íngreme depois da chuva
começou a rugir o motor e vir
para o terreno baldio onde faço
minhas escavações
de repente bilhares de escorpiões de aço
vermelhos e amarelos começaram a vir também
todos se arrastando como guitarras estraçalhadas
no palco da minha solidão
as enormes rodas de borracha começaram
a atropelar meus pensamentos
a amassá-los como latinhas de refrigerante
então encostei o dedo na minha consciência
e comecei a dançar a dançar como um deus doido dançaria
se houvesse deuses que dançassem

>

Ludicanti


Desistir é fácil
então acho que vou
desistir!
Viver uma péssima fase
não é uma boa desculpa
para continuar vivendo
e como duvidar
da própria existência
dos outros
não resolve meus dilemas
estar parado diante
de um móvel de madeira
pode ser espetacularmente
mais significativo
do que ser amado.

Cabelos ao Vento


Reminiscência Revista


Da possibilidade de ser
a última a única vez

num instante
o corpo é roupa
sobre a pele

sensação a primeira vista

Vista

O corpo é sua delícia.

Ivan Vaz

Era uma ves

pa vo (r!!!)

ando

pela noi

te amo

r!!!

Thiakov

...

Ó meu filho querido
Não souberam olhar para ti...

07 junho 2007

Vinikov

(sem título)
meu sangue histérico
espirra na garoa
no meu sangue histérico
o metal pesado das indústrias
faz a sua flanerie
assim como eu caminho numa rua qualquer
de Berlim do meu inconsciente.
pai de todos os orfãos da cidade
eu sou um nada construído pela linguagem
que é ripa na chulipa

Ludicanti


O cântaro úmido
disse adeus

As estrelas minguantes
disseram adeus

Você disse adeus

Eu permaneci
inóspito

Miguel Capobianco-Livorno

Poema Inaugural

Teço as primeiras amarras
somos criaturas radiotivas
meu impulso nervoso
procura seu casulo
no âmago da glândula pineal.

Falhamos ao ser poetas.