09 maio 2010

Cândido Melo

Ao telefone a voz dela é toda a existência sua que concluo.
Dedico minha atenção a ouvir-la e a pensar em o que estará vestindo.
As ondas elétricas transmitem sua voz feminina, não tão aguda,
Que atravessam meu tímpano esquerdo e atingem a parte
Do meu cérebro dedicada a perceber.
Recebo suas informações e penso em sua boca próxima ao telefone.
Marcamos um encontro.
Ao telefone ela era o movimento que saía de suas cordas vocais e o que eu pensava disso.
Agora, ao vê-la, sentí-la; me agrada antecipar, em pensamento,
A forma, o cheiro, a textura do seu corpo-nu
E o gosto que emana seu sexo.