08 junho 2007

Vinikov

(sem título)

depois de momentos iluminatórios
gerados por lâmpadas amarelas de 30 wats
fiquei como um espantalho de braços
abertos para o terrível
ouvindo o galope antigo de um soluço
de pernas para o ar
e a motocicleta sem freios que sempre
desce uma ladeira íngreme depois da chuva
começou a rugir o motor e vir
para o terreno baldio onde faço
minhas escavações
de repente bilhares de escorpiões de aço
vermelhos e amarelos começaram a vir também
todos se arrastando como guitarras estraçalhadas
no palco da minha solidão
as enormes rodas de borracha começaram
a atropelar meus pensamentos
a amassá-los como latinhas de refrigerante
então encostei o dedo na minha consciência
e comecei a dançar a dançar como um deus doido dançaria
se houvesse deuses que dançassem

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3 comentários:

Mata-Munhoz disse...

Don`t follow me,
I am lost too!!

Os Vagabundos Iluminados disse...

Viva a inversão da realidade em outra.
Eu fui lá e voltei, valeu delírio.

Anônimo disse...

Oi, Vivi!
Nesse seu blog unicamente existi, ou melhor, curti, parafraseando seu poema que tá lá no Penetrália.
Quero fazer poesia das coisas mais ordinárias, latinhas de refrigerante e celebridades.
Meus próximos temas de poema, que vc pode usar se quiser: Adam Sandler, Paris Hilton e morte súbita.
Outra: se for a Santa Teresa, veja se rola transar uma publicação coletiva com o Groza, que está lançando a coleção Véia Poética e tá com uns exemplares do Penetrália que vc poderia pegar para mim. Quero ver se deixou um no IA para a filha de Oswald de Andrade, que se chama Antonieta Marília de Oswald de Andrade, não por acaso: referia-se a sua esposa Antonieta, que inclusive não aguentou viver sem ele e se matou.
Abraços do Juggy