31 julho 2007

Maia Bruel

Encontro

Em um beijo meu anseio se dilui.
Peregrino desejo,
amálgama ébria de fluido e sal
sob o véu da noite, o luar.

Uma boca procura outra boca.
O vazio é preenchido pela mais sutil das línguas
a tocar o céu do universo palatal.

Maia Bruel

MARCHA HOPLITA

Deságua exangue
Sobre o sal o sangue
Exposto ao sol

O Deserto

Doutor há séculos enjeta fentanila
Sem que ninguém soubesse,

Apenas a veia cava.

28 julho 2007

Mata/Munhoz

Quando é amor
é dificil, mas
tao vivido, que se sabe
Mas quando é sentimento
profundo, que nao se sabe
nada se sabe, tao profundo
nada se sabe
nada se sabe...

26 julho 2007

Maia Bruel

NOITES

Noites sem sentido
Noites sem fim
Noites sem ti
Noites sem destino

noites
noites
noites sem

Noiva
Em desatino,
No frio,
Noites sem Rio...

25 julho 2007

Ivan Vaz

ela quando
quase dele
ele quando quase dela
corre
corre
corre corre
uma
trás
o
utro
um atrás outra
chutando cachorro morto
chutando cachorro morto

24 julho 2007

Rafael Ludicanti


Oh, espíritos mascarados me aguardam no corredor
com acerto de contas pendentes
os pensamentos que se sucedem
me parecem típicos
de um primata
naquilo que tenho a impressão
de que um primata seja
ou fosse
antes de evoluir para a selvageria
dentro do meu crânio uma melodia atonal
evoca meus instintos mais macabros
de sobrevivência e entretenimento.

22 julho 2007

Mata-Munhoz


O problema do tabagismo
é que todo cigarro tem seu fim
e assim temos sempre que voltar
ao ócio vital em que críamos não estar
enquanto fumávamos...

15 julho 2007

Marcos Braccini

o tiro saiu pela culatra
e eu saí a francesa
pela escotilha
não tive escolha
nem escolta
na volta para casa
e a minha promessa era
tentar ser discreto:
nenhum alarme
ou passos ruidosos
sobre o cimento
depois de quebrar a cara

02 julho 2007

Vinikov

Texto mal-acabado

Um dia ela gritou do berço
e esse grito ecoou no universo.
Da rosa, saiu o verso que me despiu.
Cresceu, rasgou com unhas minhas cartas.
Num ímpeto qualquer
entregou os restos às minhas lagartas prediletas.
Da epiderme ao verme.
Na Antártida folhou vários livros
de matemática sem sentir calafrio.
Inventou um dialeto para conversar com seus pés.
Criou a fala para o falo.
Deu de má-má para Maomé.
Num apelo arrancou-lhe os pêlos um-a-um.
E coroou-lhe Qualquer.
Em briga de marido e marido
não se quebra uma vértebra.
Mais tarde quando a narina arde,
Ela casou-se com Xavier, que gostava de xadrez
mas não sabia tratar uma dama. Era só:
CAMA
NENÉM
FAMA
MAMA
NUVEM.
Ela cubista, ele pessimista.
Ela puta, ele deputado.
Ela ilustre, ele cuspe.
Ela poema, ele texto mal-acabado.

Ivan Vaz

COMO CABELOS AO VENTO E MARTA MEDEIROS
espelho espelho meu,
existe alguém que reflita mais
do que eu?

Ivan Vaz

o que seria feito da vida
se não fosse o que seria
impossível única via
tão vasta como minha
dura espinha melancolia?

Ivan Vaz

OP
é
DOM
eu
P
ai
é
gran
dede
mais
A
mão
da
min
h
A
mãe
min
íma

01 julho 2007

Pedro Braccini


por vezes
paro e
penso
peco?
perco meu olhar

que acho noutro lugar
submerso em nádegas